14 de mar. de 2008

Orientações práticas para a Semana Santa

DOMINGO DE RAMOS:
Este domingo comemora o ingres­so triunfal de Jesus em Jerusalém. Aque­les que reconheceram nele o enviado por Deus o proclamam vencedor. Aqueles que negaram aceitá-lo pensam em condená-lo. Somos um povo peregrino e estamos na multidão: para louvá-lo e segui-lo ou para condená-lo? Caminhamos para a li­bertação ou impedimos o progresso? Os paramentos vermelhos lembram que Cris­to é Senhor e Rei do universo. Os ramos que carregamos proclamam que nós acei­tamos este senhorio e se os guardamos durante o ano todo é sinal e lembrete da nossa fidelidade. Queremos que ele governe nossa vida.

O que preparar:
- ramos (preparar especiais para quem vai presidir)
- água benta
- cruz ornamentada com ramos
- velas para a procissão
- tudo para a Celebração da Palavra

a) Partes da celebração:
1 - Bênção dos Ramos
2 - Procissão
3 - Celebração da Palavra
b) A cor litúrgica deste dia é o VERMELHO.
c) Cada um deve trazer os seus ramos.

Obs.: A Equipe de Liturgia providencie uma quantidade maior de ramos para os que não trouxeram e para que depois de abençoados os que sobrarem sejam guardados para serem queimados no próximo ano para fazer as cinzas de Quarta-feira de Cinzas.

d) Para a bênção dos ramos usa-se a água benta, mas não se traça o sinal da cruz.

e) deve-se fazer a benção dos ramos em lugar distinto daquele que vai se celebrar a Palavra. Que haja uma verdadeira procissão fora da Igreja, para que depois da bênção dos ramos o povo caminhe na seguinte ordem: cruz ornamentada com ramos de palmeiras na frente, velas, o que preside a procissão e por fim o povo com seus ramos. Durante a procissão cantam­-se cantos alegres, alusivos à entrada do Senhor em Jerusalém.
Onde a procissão não se puder efetuar fora da igreja, a bênção dos ramos se faça sob forma de entrada solene, com a bênção feita diante da porta da igreja ou mesmo dentro da igreja.

f) Os ramos devem ser guardados antes da oração inicial, feita já na igreja. A partir daí o clima da celebração é outro: não o festivo, da procissão, mas sim o da dolorosa contemplação da Paixão de Cristo. Não tem sentido usá-los no decorrer da celebração.

g) Na leitura da Paixão, que pode ser dialogada, não se faz a saudação inicial - "O Senhor esteja convosco...”, mas no fim se diz - "Palavra da Salvação". Quando se anuncia a morte do Senhor se faz uma pequena pausa e todos se ajoelham em silêncio.

Terminada a história da Paixão, haja uma breve homilia.

h) Lembrar que a oferta deste dia se destina ao gesto concreto da Campanha da Fraternidade.

i) A celebração segue normalmente.

QUINTA-FEIRA SANTA:
Na ceia, Cristo celebrou com seus discípulos a última ceia da primeira Alian­ça de Deus com o seu povo e inaugurou a Ceia Nova da Aliança feita com toda a humanidade no seu Sangue. Jesus anun­ciou então o sacrifício novo em que Ele estava oferecendo a sua própria vida. Suas palavras e gestos deixaram claro para os discípulos a significação de sua vida e morte para a salvação. Mandou que seus seguidores perpetuassem, pelo ritual da ceia fraterna, a memória do que ele próprio fez. Explicou-Ihes que a salvação é fruto de seu sacrifício e que pela celebração da eucaristia entramos em comunhão com Ele, de volta para o Pai através dos caminhos da nossa luta cotidiana. Viver o dia-a-dia na esperança é carregar a cruz que nos salva com Cristo.

A celebração da Eucaristia nos alimenta e sustenta. O gesto de lavar os pés, feito por Jesus na Ceia é um sinal.

Lavar os pés é servir com amor aos irmãos sem olhar se ele é maior ou menor. É atender às necessidades. É cumprir o dever imposto pela delicadeza. É estar a serviço.

Amanhã, não se celebra o sacrifício eucarístico (missa). Por isso são consagradas hoje mais hóstias a fim de que possamos comungar na celebração da Paixão do Senhor, na sexta-feira Santa. São estas hóstias que levamos solenemente para serem conservadas, diante das quais passaremos momentos de oração. Esta tarde (ou noite) de oração diante da SS. Eucaristia deve ser uma vigília de alegre reconhecimento. O Senhor Jesus ressuscitado está continuamente presente na sua Igreja. Ele deixou um sacramento que o lembra e torna presente. A Eucaristia não é apenas para que encontremos Cristo na celebração e na comunhão. Ela torna permanente a presença sacramental do Senhor. A Eucaristia con­servada em nossos sacrários é um meio eficaz para nos fazer tomar consciência da Sua presença e vivermos em companhia daquele que nos salva. A presença permanente nos estimula a dar uma resposta de amor e nos compromete com a sua ação salvadora no mundo, em todos os tempos.

O que preparar:
- assentos para os "apóstolos"
- jarro com água e bacia
- toalha para enxugar os pés
- o necessário para lavar as mãos
- matracas
- o sacrário para a transladação
- pálio ou umbela para a transladação
- luzes e ornamentos adequados
- tudo para a Celebração da Palavra

a) Partes da celebração:
1 - Rito da Palavra
2 - Lava-pés
3 - Rito da comunhão
4 - Transladação do Santíssimo 5 - Adoração

b) A cor litúrgica deste dia é o BRANCO. Enfeita-se a igreja.

c) Durante o canto do glória tocam-se os sinos, que depois permanecerão silenciosos até a Vigília Pascal.

d) Para o lava-pés, que se faz depois da homilia, escolhe-se 12 (doze) pessoas da Comunidade. O dirigente ou outra pessoa para isso escolhida se aproxima de cada "apóstolo", deita-lhe água nos pés, enxuga-os e se quiser pode beijá-los, sendo que este beijo não é obrigatório. Depois do lava-pés, quem o presidiu, lava as mãos.

e) Depois da Comunhão a reserva eucarística fica sobre o altar. Conclui­-se a celebração com a oração depois da comunhão.

f) Forma-se uma procissão, precedida pela cruz, com velas acesas, até uma capela devidamente preparada e ornamentada. Canta-se um cântico eucarístico. A eucaristia é colocada no sacrário, que é fechado. Todos se retiram em silêncio. O altar é desnudado.

g) Providencie-se uma escala para a adoração, que pode ser feita até a meia-noite. Após a meia-noite esta adoração seja feita sem nenhuma solenidade.

h) Onde não há reserva eucarística, os ministros providenciem hóstias consagradas para hoje e para amanhã.

Atenção: Na Quinta Feira Santa não há procissão solene com o Santíssimo Sacramento na Custódia ou no Ostensório. A Reserva Eucarística (que servirá para a Comunhão dos fiéis na Solene Ação Litúrgica na Sexta Feira Santa) deve ser transportada numa grande âmbula, coberta pelo véu umeral, até o local (capela) devidamente ornado para a reposição. O Santíssimo Sacramento não fica exposto para adoração solene como na 1ª sexta feira do mês ou outras ocasiões.

SEXTA-FEIRA SANTA:

O silêncio, o jejum e a revisão de nossa vida, marcam este dia em que comemoramos a paixão e a morte de nosso Salvador. A reparação de nossos pecados exige uma mudança de nossas vidas.

Para tomarmos parte na redenção do mundo temos que nos unir a Cristo, pois é por causa dos pecados de todos os homens que Cristo, com imenso amor, aceitou a sua morte e ressurreição.

Enquanto o sacerdote e outros ministros se aproxi­mam do local de celebração todos nos unimos em oração silenciosa. Procuramos ficar calados diante de Deus, olhando nossa vida e verificando qual a nossa condição de egoísmo e de gente sem amor. A liturgia de hoje nos fará ver mais as exigências de uma vida de amor conforme o ensinamento de Cristo.

A cerimônia de adoração da cruz tem origem na Igreja do Oriente. Evidentemente a adoração não se dirige a cruz (objeto), mas à pessoa de Cristo, Salvador do Mundo. O crucifixo que é apresentado nos facilita a lembrança de Jesus e as circunstâncias de nossa redenção. A imagem é como que um sacramental da presença do que é invisível.

O que preparar:
- a cruz (coberta com véu, no caso de se adotar a primeira forma)
- dois castiçais
- tudo para a celebração da palavra

a) Partes da celebração:
1 - Lit. da Palavra e Oração Universal
2 - Adoração da Cruz
3 - Comunhão

b) A cor litúrgica deste dia é o VERMELHO.

c) O altar deve estar completamente desnudado, sem cruz, sem castiçais sem toalhas.

d) Ao se aproximar do altar os' animadores prostam-se ou ajoelham-se. Todos rezam em silêncio por alguns instantes.

e) Para a leitura da história da Paixão observa-se o que foi dito no item g do Domingo de Ramos.

f) Na Oração Universal (são 10 intenções) o dirigente propõe a intenção e todos oram um momento em silêncio. Em seguida o dirigente diz a oração Durante cada momento de silêncio pode-se propor ao povo que fique de joelhos.

g) Para a adoração da cruz se propõem duas formas:

1ª forma de apresentar a Santa Cruz:

1.1 - Apresentação.
A Cruz, coberta com um pano vermelho, é levada ao altar, acompanhada com velas acesas. O dirigente descobre a parte superior e a eleva um pouco e canta: "Eis o lenho da Cruz ... ". Todos respondem: "Vinde adoremos". Terminada a aclamação todos se ajoelham e permanecer um pouco em silêncio, enquanto o dirigente continua de pé, com a cruz erguida.

Em seguida o dirigente descobre o braço direito da cruz, elevando-a de novo e canta: "Eis o lenho...” tudo como acima.

Enfim, descobre toda a cruz e, levantando-a, começa pela terceira vez o canto: "Eis o lenho...” prosseguindo como acima.

1.2 - Adoração.
Depois duas pessoas seguram a cruz, tendo velas acesas à esquer­da e à direita, e se inicia a adoração, aproximando-se os animadores da celebração, fazendo uma genuflexão simples e beijando a cruz. Depois o povo se aproxima, beijando a cruz, sendo dispensada a genuflexão.
Obs.: Durante esta procissão incentivem-se os fiéis a fazer uma generosa oferta para os Lugares Santos.

2ª forma de apresentar a Santa Cruz:

2.1 - Apresentação
O dirigente dirige-se a porta da igreja, onde já está a cruz sem véu. Acompanhado por duas pessoas com velas acesas vai em procissão até o altar tendo a cruz nas mãos. Junto à porta, no meio da igreja e em frente ao altar, ergue a cruz e canta: "Eis o lenho da cruz...” e todos respondem: "Vinde adoremos", ajoelhando-se e adorando um instante em silêncio nestes três momentos.

2.2 - Adoração.
Para a adoração, faz-se como acima, na 1 ª forma no item 1.2.

h) Terminada a adoração, a Cruz é levada para o seu lugar, no altar. As velas acesas sejam colocadas junto ao altar ou perto da cruz.

i) Para a comunhão estendem-se a toalha e o corporal sobre o altar, que até então estava descoberto. Pelo caminho mais curto, traz-se o Santíssimo, acompanhado com velas acesas

O Rito da Comunhão começa com o Pai Nosso e segue o rito de costume, sem o rito da paz. No final da comunhão, o Santíssimo é levado para o sacrário. Onde não há reserva eucarística, sejam consumidas as hóstias que sobrarem.

j) No fim da celebração o altar é desnudado.

VIGÍLIA PASCAL:
Nesta noite, estamos acordados para celebrar a Ressurreição de Jesus, que se torna o Senhor do universo pela sua vitória sobre a morte. Abençoamos o fogo, luz que ilumina e nos faz ver - sinal de Cristo que se disse e é verdadeira luz do mundo. Cada vez que entrando na igreja virmos o Círio pascal aceso solenemente ou de modo mais simples - como velas junto do altar, lembremos-nos do Cristo Ressuscitado. Nesta noite a luz renasce para guia os nossos passos. Quando estivermos atravessando as lutas da vida e até mesmo a morte, lembremos-nos da vitória de Cristo e reanimemos nossa esperança. Ele está vivo e permanente vencedor do peca do através dos séculos.

O que preparar:
- uma fogueira
- lanterna para facilitar a leitura na bênção do fogo.
- som no local da benção do fogo.
- o Círio Pascal (que seja novo, nunca se deve reaproveitar o Círio do ano que passou).
- os cravos e o estilete
- utensílios para acender o círio
- velas para o povo
- candelabro para o Círio
- recipiente com água para a bênção da água e aspersão
- tudo para a Celebração da Palavra

a) Partes da celebração:
1 - Bênção do fogo novo.
2 - Procissão
3 - Proclamação da Páscoa
4 - Liturgia da Palavra
5 - Liturgia Batismal
6 - Renovação das Promessas Batismais
7 - Rito da comunhão

b) A cor litúrgica deste dia é o BRANCO. Os santos deverão estar descobertos. Enfeita-se a igreja.

c) Não se comece a Vigília antes do anoitecer.

d) Todos os que participam da Vigília devem ter velas.

e) As luzes da igreja são apagadas.

f) Fora da igreja, em lugar conveniente, prepara-se uma pequena fogueira. Se por qualquer dificuldade, não se possa acender uma fogueira, a bênção se faz no interior da igreja, na porta, as brasas estando acesas em um pequeno recipiente. Estando todos ao redor da fogueira, se inicia a cerimônia como de costume e depois da motivação se benze o fogo novo.

g) Depois de benzido o fogo novo, com um estilete o dirigente grava no Círio uma cruz (os símbolos já foram anteriormente desenhados no Círio). Em seguida traça no alto da cruz a letra A (alfa) e em baixo a letra ? (ômega) e entre os braços da cruz os 4 algarismos do ano em curso, enquanto se diz:

1) Cristo ontem e hoje (faz a incisão da haste vertical);
2) Princípio e Fim (faz a incisão da haste horizontal);
3) Alfa (faz a incisão da letra Alfa no alto da haste vertical);
4) e Ômega (faz a incisão da letra Ômega embaixo da haste vertical);
5) A ele o tempo (faz a incisão do primeiro algarismo do ano em curso sobre o ângulo esquerdo superior da cruz);
6) e a eternidade (faz a incisão do segundo algarismo do ano em curso sobre o ângulo direito superior);
7) a glória e o poder (faz a incisão do terceiro algarismo do ano em curso no ângulo esquerdo inferior);
8) pelos séculos sem fim. Amém. (faz a incisão do quarto algarismo do ano em curso no ângulo direito inferior).

h) Feita a incisão da cruz e dos outros sinais, se aplicam no círio cinco cravos, formando uma cruz e dizendo:

1)Por suas chagas,
2)suas chagas gloriosas
3)o Cristo Senhor
4)nos proteja
5)e nos guarde. Amém.

i) Depois, com uma vela que foi acesa na fogueira se acende o Círio pascal com o fogo novo, dizendo: “A luz de Cristo...”

j) Forma-se uma pequena procissão até a igreja, com Círio à frente. A porta da igreja o dirigente toma o Círio e o ergue por algum tempo e canta: "A luz de Cristo" e o povo responde: "Graças a Deus". Alguns acendem suas velas na chama do Círio Pascal.

No meio da igreja o dirigente ergue o Círio novamente e canta: "A luz. de Cristo" e todos respondem: "Graças a Deus". Todos acendem suas velas no fogo do Círio Pascal, passando o lume de uns aos outros.

No altar, voltado para o povo, o dirigente canta pela terceira vez: "A luz de Cristo" e todos respondem: "Graças a Deus". Coloca-se então o Círio no candelabro, acendem-se todas as luzes da igreja.

l) Faz-se a proclamação da Páscoa no ambão. Todos mantém suas velas acesas.

m) Depois da proclamação da Páscoa, todos apagam suas velas.

n) Segue a Liturgia da Palavra. Propõem-se nove leituras: sete do AT e duas do NT. Pode-se diminuir o número de leituras do AT, porém nunca se omitindo a leitura do Ex. 14.

o) Depois de cada leitura, canta-se o respectivo Salmo e recita-se a oração correspondente. Após a última leitura do AT, com o seu salmo e respectiva oração, acendem-se as velas do altar, e entoa-se o glória, enquanto se tocam os sinos da igreja. Terminado o Glória se diz a coleta: "O Deus que iluminais esta noite santa ... ".

p) Lê-se a Epístola. Depois da Epístola entoa-se o Aleluia: por três vezes um cantor ou um grupo de cantores canta o aleluia e o povo repete. Depois se faz o Salmo de Meditação, que tem o Aleluia como refrão. A Liturgia da Palavra segue com o Evangelho e homilia.

q) Após a homilia faz-se a benção da água para a aspersão do povo: 1º ­Oração; 2º Renovação das promessas do Batismo (povo com velas acesas); 3º - aspersão. Durante a aspersão se canta um cântico de sentido Batismal. (OBS.: Não havendo batismo, omitem-se as ladainhas).

s) A celebração continua normalmente...

Obs.: Tudo deve ser estudado com antecedência e tudo deve ser arrumado com antecedência, para que a Comunidade sinta segurança naqueles que estão presidindo a celebração. O ideal seria que alguém estudasse bem o desenrolar das cerimônias e pudesse ir orientando os que estão presidindo a celebração e ao mesmo tempo dando rápidas explicações ao povo do que está acontecendo. Seria ao mesmo tempo um "cerimoniário" e um animador.
Estas orientações são apenas pistas para a Equipe de Li/urgia. É preciso que haja criatividade em todas as celebrações.

Orientações dadas pelo Vigário Geral da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim-ES, Monsenhor Antonio Romulo Zagotto.